Semana passada estivemos novamente no Parque Nacional do Itatiaia, percorrendo dessa vez a trilha do Morro do Couto, que é a primeira elevação que se alcança a partir da portaria (Posto do Marcão).Com 2.680m de altitude, é o segundo ponto culminante do Parque (o primeiro é o Pico das Agulhas Negras com 2.790m) e o nono do Brasil. O trajeto é tranquilo e pode ser percorrido em duas horas com facilidade e oferece belo visual da Serra Fina, Vale do Paraíba e de outros pontos do Parque.
A trilha começa bem ao lado do estacionamento, o quê facilita para aqueles que tem pouca experiência nessa atividade. Uma pequena via pavimentada começa a subida leve e segue assim por uns 300m até o início da trilha propriamente dita, devidamente sinalizada, que segue à direita por terreno em terra e pedregoso. Nesse ponto o altímetro acusava 2.500m. Dali já se avista o Morro do Couto a frente e a Pedra do Altar, Asa de Hermes e o Pico das Agulhas Negras à esquerda. Com poucos pontos de dificuldade, essa via nos leva até o início da subida mais íngreme, através das pedras, já na base do Morro.
Pelo caminho encontra-se vegetação típica de campos de altitude e com alguma sorte podemos nos deparar com o símbolo do Parque Nacional do Itatiaia, o sapinho flamenguinho (Melanophryniscus moreirae), ou sapinho Pingo de Ouro (Brachycephalus ephippium). Dessa vez não dei essa sorte, apesar de ficar atento à suas presenças. Já os encontrei em outras ocasiões. Mas já havíamos sido recepcionados pelos Tico-Tico (Zonotrichia capensis), que costumam se aproximar bastante dos visitantes, apesar de arisco. Vou deixar o link para você ouvir o canto dessa linda ave.
http://www.aultimaarcadenoe.com.br/wp-content/uploads/2011/06/Zonotrichia-capensis-PNItatiaiaRJ-BR-8-1-14-ASilveira.mp3
Pela subida há vários locais com belos mirantes de onde se pode observar o Vale do Paraíba e valem para se obter fotos interessantes. Quando se chega ao paredão encontramos a via de escalada Luiz Fernando e aqueles que dominam a técnica e estão devidamente equipados podem seguir verticalmente até a laje. Reles mortais como eu devem seguir pela trilha, caminhando e aproveitando a paisagem. O maciço é composto por nefelina sienito, um tipo de rocha que se parece com granito, mas é uma intrusão de rocha alcalina e que se cristalizou no Período Cretáceo (aproximadamente 70 milhões de anos). Todo o maciço do Itatiaia é composto por esse mineral, uma intrusão relativamente rara, e é o segundo do mundo a apresentar esse tipo de rocha, perdendo apenas para Península Kola, que abrange os países Escandinavos. Portanto, curta muito o terreno pelo qual você estará caminhando.
Até a laje do Morro do Couto, o percurso todo tem aproximadamente 1.200m e chegando à laje você poderá observar ainda mais as características da rocha. Pela ação da chuva e do vento, formam-se erosões por esfoliação esferoidal muito bonitas. Além disso, todo o Vale do Paraíba se abre à sua frente. Do outro lado do Vale, a Serra da Bocaina se esparrama lindamente. Observando com atenção, se consegue avistar a Pedra do Frade ao longe.
Da laje se pode acessar o Pico do Couto, ponto culminante da trilha. A subida se dá através das pedras, por "escalaminhada", sem necessidade de conhecimento técnico ou equipamentos de segurança, porém com atenção. Tem medo de altura ?
Não se preocupe...respire fundo e vá em frente...digo, morro acima, pois o visual compensará.
Caso você queira prosseguir dali a travessia do Circuito Couto-Prateleiras há placa indicativa da trilha. Dessa vez não pude completar essa travessia, mas a farei em breve e postarei aqui.
O Comitê de recepção...
Tico-Tico (Zonotrichia capensis)
Iniciando a subida...
Início da trilha...
Paisagem vista da subida
Serra Fina
Pico das Agulhas Negras visto da trilha.
Asa de Hermes - formação rochosa ao lado do Pico das Agulhas Negras
Início da subida pela rocha
Grampo da Via Luiz Fernando
Vista da laje do Morro do Couto
Serra da Bocaina - Pedra do Frade ao fundo
Pico do Couto
Pico do Couto
Vale do Paraíba
Cruzeiro vista do alto do Morro do Couto
Represa do Funil. Ao fundo a Serra da Bocaina
Até a próxima.
Waldir Barros